Mestre Cargaleiro pinta obra sobre os 50 anos do 25 de abril

O mestre Manuel Cargaleiro pintou uma tela alusiva aos 50 anos do 25 de abril, que finalizou e ofereceu ao Município de Vila Velha de Ródão na terça-feira, 26 de março, no seu ateliê, na presença do autarca rodanense e de um grupo de jornalistas convidados para assistir ao momento. A “Festa da Gratidão” foi o título escolhido pelo autor e pelo autarca, uma expressão que evoca os sentimentos que a Revolução dos Cravos desperta no pintor que completou 97 anos este mês de março.

O desafio para pintar a tela, onde a alegria do vermelho dos cravos contrasta com a esperança do verde que os enquadra, foi lançado pelo presidente do Município de Vila Velha de Ródão, Luís Pereira, com o objetivo de celebrar o cinquentenário da revolução que devolveu a liberdade a Portugal.

Escolhido pelo mestre Cargaleiro e pelo autarca, o título da obra tem um duplo significado. “Festa porque, para mim, o 25 de abril tem de ser celebrado como uma festa e gratidão porque temos que estar gratos ao que os militares fizeram por nós”, explicou o pintor e ceramista, que recordou a repressão e os tempos da censura e a “profunda alegria” com que, em Paris, onde vivia, recebeu a notícia da “libertação” do país graças ao 25 de abril.

Gratidão é também o sentimento que domina Luís Pereira quando se refere ao mestre Cargaleiro, a quem elogia “a humildade, a simplicidade e a generosidade para com a sua terra natal”.

“O quadro vai ficar no Salão Nobre da Câmara Municipal e será uma obra emblemática para Vila Velha de Ródão. Temos o privilégio de ter uma obra do mestre Cargaleiro, que festeja o 25 de abril e homenageia todos os que tornaram possível a instalação da liberdade e da democracia em Portugal”, sublinhou o edil, que aproveitou a ocasião para “agradecer também ao mestre Cargaleiro aquilo que fez pela arte e pela projeção e prestígio do nosso país”.

Natural da aldeia de Chão das Servas, no concelho de Vila Velha de Ródão, onde nasceu em 1927, foi ainda bebé que Manuel Cargaleiro foi viver para Almada, onde ainda hoje mantém o seu ateliê, na antiga quinta que era dos seus pais. Apesar disso, a ligação à terra natal nunca se perdeu – “íamos sempre duas ou três vezes por ano à aldeia, para estar com a família que lá vivia” – e é com orgulho e saudosismo que recorda as suas raízes beirãs.

“A Beira Baixa tem um cheiro especial: o cheiro das estevas e do rosmaninho. Ainda tenho na minha memória o cheiro das ruas da minha aldeia. Cheiravam a flores do campo”, recordou, sem esquecer a importância da cor. “Quando falo das cores da Beira Baixa falo dos poejos, das fontes… Era tudo tão bonito!  As violetas que nasciam na erva e davam cor ao campo”, lembrou.

Feliz por deixar à sua terra natal a sua mais recente obra, que ainda assim considera incompleta, como todas as obras, revelou que a criatividade, a liberdade e uma certa indisciplina continuam a ser pilares essenciais na forma como encara a sua arte. “Eu não quero pintar uma rosa, eu quero inventar uma rosa”, explicou. Quanto ao futuro, revela-se um otimista por natureza, que apenas deseja “que o amanhã seja tão bom como hoje”.

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