O CIART – Centro de Interpretação de Arte Rupestre do Vale do Tejo, em Vila Velha de Ródão, reabriu ao público na sexta-feira, dia 17 de outubro, após uma intervenção profunda que requalificou e ampliou o espaço e o dotou de um novo projeto museográfico. O local oferece um olhar único sobre a arte rupestre que as comunidades humanas gravaram, durante milénios, ao longo de 40 quilómetros nas margens do Tejo e presta homenagem à “Geração do Tejo”, nome atribuído aos arqueólogos e estudantes que garantiram sua catalogação e preservação.
“Em boa-hora decidimos fazer um espaço exclusivamente dedicado à arte rupestre, que procura dar a devida importância e destaque a este património único que está sob as águas do Tejo e mais ninguém tem e, por isso, é um grande elemento diferenciador do nosso território e queremos que seja uma porta de entrada para o estudo da arte rupestre na Beira Baixa”, esclareceu o presidente da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, Luís Pereira, durante a cerimónia de inauguração.
Apoiar o estudo e a preservação deste património constituído por mais de 20 mil gravuras dispersas ao longo de ambas as margens do rio Tejo e alvo de várias campanhas de salvamento arqueológico, a partir de 1971, até à sua quase completa submersão, em 1974, pela albufeira resultante da construção da barragem do Fratel, foi precisamente o objetivo da criação do CIART, em 2012. Em 2020, a autarquia decidiu requalificar e ampliar o espaço e dotá-lo de um projeto museográfico mais contemporâneo e apelativo, que permitisse responder às exigências atuais, uma intervenção que sofreria um atraso considerável, em parte devido à pandemia e ao conflito da Ucrânia.
“Do ponto de vista arquitetónico, este é um espaço muito marcante, que valoriza e acolhe condignamente a arte rupestre”, sublinhou Luís Pereira, agradecendo ao arquiteto responsável pelo projeto, Mário Benjamin, e estendendo o agradecimento à Glorybox, empresa responsável pela conceção do novo projeto museográfico, e a António Martinho Batista, arqueólogo, membro da Geração do Tejo e responsável científico dos conteúdos museográficos do CIART, assim como a todos os que contribuíram com o seu conhecimento para este projeto.
Jorge Brandão, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, entidade responsável pela gestão do Programa Operacional Centro 2020, que comparticipou a requalificação do CIART, mostrou igualmente a sua satisfação pela concretização da obra. “Este é um projeto de salvaguarda e de comunicação sobre um dos mais importantes recursos deste território ao nível do património natural e cultural e que é também um dos ativos mais importantes para enriquecer os valores e a cultura e promover a auto-estima da nossa comunidade, representando ainda um ativo que pode ser dinamizado em termos económicos”, explicou este responsável.
A cerimónia contou ainda com uma visita guiada à exposição do CIART, conduzida por António Martinho Batista, que recordou como, há 54 anos, foram descobertas as primeiras figuras rupestres no Tejo e o trabalho pioneiro que se seguiu – não só pela metodologia usada, mas também pelos resultados obtidos – e que marcaria a história da arqueologia portuguesa.
A obra representou um investimento de cerca de 953 mil euros por parte do Município de Vila Velha de Ródão, comparticipados em cerca de 493 mil euros pelo FEDER, através do programa Centro 2020, enquanto o novo projeto museológico se traduziu num investimento aproximadamente de 276 mil euros, comparticipados em 96 mil euros pelo FEDER, através do programa Interreg Espanha – Portugal.
O CIART encontra-se aberto de terça a sábado, entre as 10h00 e as 12h30 e as 14h00 e as 17h30, encerrando aos domingos e segundas-feiras.