Nas imediações desta aldeia ainda hoje se podem observar os restos de uma fossa, que o povo diz ser noutros tempos a fonte d’aldeia. Pela pureza das suas águas, aliada às qualidades terapêuticas das mesmas, os restos da dita fonte ainda hoje são conhecidos pela “Fonte Boa”.
Contam-se alguns casos de cura operados pela água desta fonte e é crença tirar Sarnadas o seu nome dos maravilhosos resultados obtidos com o tratamento desta água, principalmente nas doenças de pele.
Diz-se a este propósito que há já muitos anos passava por esta povoação todas as semanas um homem a vender sardinhas, que eram transportadas em cima de um burro todo chagado, devido aos efeitos da “sarna” de que era portador.
Este sardinheiro comia sempre o farnel de que vinha munido junto desta fonte, ao mesmo tempo que ia banhando o animal doente.
Dentro de poucos dias o animal estava completamente curado e o nosso homem, maravilhado com os resultados dos “banhos” com aquela água, aconselhava a tratar as pessoas que sofressem de doenças de pele e que fossem do seu conhecimento a lavarem-se nesta fonte pois, com este tratamento, toda a sarna desaparecia mesmo a mais renitente!
Acorreram pessoas de várias localidades a fim de se submeterem ao tratamento nestas águas e que, completamente admiradas com os resultados obtidos, começaram a propagar que aonde chegasse esta água, sarna nada.
Confirmada esta versão e com o andar dos tempos esta localidade, aonde “sarna nada”, passou a chamar-se como ainda hoje se chama: Sarnadas.
Henriques, António (1981), Alguns Apontamentos Relacionados com Lendas e Factos contidos na Etnografia de Sarnadas de Ródão, Preservação,4, Vila Velha de Ródão, p.28-29