Lenda do Rei Wamba

Castelo Wamba 1Wamba, rei suevo ou visigodo, fundou o castelo de Ródão, onde vivia com a sua mulher, filhos e com a restante corte. Por força das andanças de caça e guerra ficava a rainha encarregue do governo, o que a levou, em determinada altura, a falar com o rei mouro que governava na outra margem.

Namoravam sentados em cadeiras de pedra, situadas numa e noutra margem das Portas. O namoro foi prolongado, como prolongada seria a ausência do rei, até que a rainha, de amores perdida, resolveu abandonar o seu rei e castelo e acolher-se à capital do rei mouro.

O rei Wamba conhecedor destes amores, que uniam as margens do grande rio, mas furioso pelo desconchavo, muito prudentemente urdiu o estratagema necessário ao resgate da sua rainha. De combinação com os seus guerreiros e filhos, por caminhos ínvios, de forma a não ser detetado pelos espias do rei mouro, dirigiu-se para a sua capital, em cujas proximidades se esconderam, com a prévia combinação que ao seu toque de trombeta lhe acudissem.

Disfarçado de peregrino, entrou no castelo do rei mouro, pedindo esmola, chegando a falar com a rainha sua mulher. Esta, ao reconhecê-lo, fingiu ser prisioneira e escondeu-o no próprio quarto, avisando o rei mouro do mesmo. O rei Wamba, feito prisioneiro, pediu à generosidade de seu inimigo que lhe concedesse tocar pela última vez a sua corna. Tocou, tanto tocou, que os companheiros, já de atalaia, lhe acudiram, derrotaram o exército e trouxeram a rainha rainha para o castelo de Ródão.

Julgada pelo conselho, e por sugestão do filho mais novo, foi a rainha condenada a ser atada numa mó de moinho e despenhada pela íngreme encosta do Tejo, dizendo-se, ainda hoje, que por onde o corpo rolou nunca mais cresceu mato.

A rainha, ao saber de tão cruel destino, teria proferido:


Adeus Ródão, adeua Ródão,
Cercada de muita murta
E terra de muita puta.
Não terá mulheres honradas
Nem cavalos regalados
Nem padres coroados.

[Afonso, Ana Maria Tavares e Maria de Jesus Tavares (s/d). Região de Ródão - A Economia e as Pessoas, Escola Secundária Amato Lusitano, p.9]

 

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