ANACOM apresentou estudo sobre a qualidade das redes móveis no concelho

Até ao final do primeiro trimestre de 2023, a ANACOM vai lançar um concurso público para fazer chegar a fibra ótica a todas as zonas do país onde não existe cobertura, como é o caso, por exemplo, das freguesias de Fratel e Sarnadas de Ródão, no concelho de Vila Velha de Ródão.

A informação foi avançada pelo presidente da ANACOM, João Cadete de Matos, durante a apresentação do estudo de qualidade de serviço das redes móveis da MEO, NOS e Vodafone, que aquela entidade realizou no concelho de Vila Velha de Ródão, bem como a situação das redes fixas de alta velocidade e as suas perspetivas de desenvolvimento, que teve lugar a 17 de fevereiro, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão.

Em causa estão as chamadas “zonas brancas”, ou seja, as zonas do território onde não existe rede fixa de capacidade muito elevada ou onde apenas estão cobertos até 10% do número de alojamentos – como acontece nas freguesias de Fratel e Sarnadas de Ródão e em algumas zonas de Perais e Ródão –, e a dimensão do mercado não é suficiente para atrair investimento privado.

A intenção do Governo e da União Europeia é garantir o acesso de toda a população a redes de capacidade muito elevada com recurso a financiamento público, que irá cobrir em 50% o custo do investimento feito pelos privados que se candidatem à instalação e exploração destas redes e que irão ter depois o retorno da comercialização do serviço, tendo que salvaguardar, no entanto, que a rede possa ser utilizada por qualquer outra empresa ou operador.

“A previsão é que o investimento seja feito no prazo de três anos: no 1.º ano gostaríamos de ter mais de 50% das áreas brancas cobertas; no 2.º ano de chegar aos 70%; e de, no 3.º ano, chegar aos 100%. Ou seja, nos próximos três anos todas as casas em Portugal irão ter fibra ótica”, esclareceu João Cadete de Matos.

Para além da situação da fibra ótica, o estudo realizado pela Autoridade Nacional de Comunicações analisou também a qualidade dos serviços de telecomunicações, tendo em conta a perspetiva do utilizador, no que respeita à cobertura das redes (disponibilidade das redes radioelétricas 2G, 3G e 4G), ao serviço de voz (acessibilidade do serviço telefónico móvel) e ao serviços de dados (acesso ao serviço de Internet móvel).

Para tal, nos dias 2 e 3 de novembro, os técnicos daquela entidade percorreram mais de 400 km no concelho, onde realizaram 893 chamadas de voz, 873 sessões de dados, e 71 796 registos de sinal rádio, como explicou o responsável pelo diagnóstico da qualidade das redes móveis, Fábio Silva.

Os resultados mostraram que, em relação à qualidade da cobertura global de redes, em 25,2 % do território esta é “inexistente, muito má e/ou má” ​(contribuição por operador: 36,2%, MEO; 37,0%, NOS; 26,8%, Vodafone)​, sendo a cobertura radioelétrica da Vodafone a melhor e da NOS aquela mais “deficiente”. No que respeita ao serviço de voz, os resultados foram também pouco satisfatórios, com uma em cada 23 chamadas a não serem finalizadas. O rácio de chamadas de voz finalizadas correspondeu em 95,6% para a MEO; 96,0% para a NOS; e 95,3%, para a Vodafone.

No que respeita ao serviço de dados, o estudo da ANACOM apresenta também resultados com uma qualidade baixa/muito baixa, com muitos testes a não serem concluídos e um registos de baixas velocidades. As velocidades médias de transferência de dados em download e upload foram, respetivamente, de 39,4 e 10,9 Mbps na MEO, 25 e 6,8 Mbps na NOS e 16,2 e 8,1 Mbps na Vodafone.

Segundos os responsáveis pelo estudo, se  já existissem acordos de “roaming nacional” em Portugal (permitindo que os clientes de qualquer um dos operadores se pudesse conectar à rede de outro operador quando a qualidade de sinal do seu operador não fosse aceitável), teríamos uma cobertura agregada de mais qualidade no concelho de Vila Velha de Ródão.

De um modo geral, os piores desempenhos foram registados na zona oeste e este do concelho, com diversas localidades das freguesias de Fratel e Perais a apresentarem lacunas de cobertura e no serviços de voz e de dados prestados, verificando-se que nas localidades de Amarelos (Sarnadas do Ródão) e Monte Fidalgo (Perais) algum do serviço de dados e voz é realizado com recurso ao roaming internacional. Os melhores desempenhos (voz e dados) foram registados nas zonas residenciais de Vila Velha de Ródão (vila), Fratel e Sarnadas de Ródão.​

Segundo o presidente da ANACOM, este cenário será alterado em breve graças às obrigações que foram criadas aquando do leilão para a implementação do 5G no país.  “Quem comprou as licenças tem obrigação de investir em cobertura de rede móvel em cada uma das freguesias de baixa densidade populacional. Até ao final de 2023, 75% da população de cada freguesia tem que ter uma qualidade de rede móvel de 100 Mbps de velocidade de download e, até ao final de 2025, 90% da população tem de estar coberta”, elucidou João Cadete de Matos, que adiantou que estes operadores vão ter também de dar acesso aos novos operadores que entrem no mercado e garantir o roaming nacional.

“O leilão teve o objetivo de aumentar a concorrência, para melhorar os preços e aumentar a qualidade, e garantir que a cobertura da rede móvel chegue em todo o território, com boa qualidade”, acrescentou este responsável, lamentando que os preços das telecomunicações em Portugal estejam “20% acima da média europeia”, o que é agravado pelo aumento dos preços, este ano, ao nível da inflação (7,8%) e pelo facto das operadoras praticarem o maior período de fidelização da Europa, o que levou a autoridade que tutela a pedir ao Governo que este prazo seja reduzido para 6 meses.

A sessão contou com a presença do presidente Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, Luís Pereira, que destacou a importância deste estudo. “A existência de boas redes de comunicações é hoje um fator determinante para garantir a fixação de pessoas e empresas nos nossos territórios, pelo que, agora que dispomos deste diagnóstico, aguardamos com expetativa que estes novos projetos se concretizem em breve, pois são prioritários para o desenvolvimento do interior”, frisou o autarca, mostrando-se otimista perante as mudanças anunciadas.

 

Estudo ANACOM 1
Estudo ANACOM 2
Estudo ANACOM 3

 

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