Conversas sobre saúde mental juntaram especialistas e atletas em Vila Velha de Ródão

A saúde mental das crianças e jovens em contexto escolar e a importância do desporto para a criação de bons hábitos sociais e emocionais foram o tema do encontro que, no passado dia 29 de abril, reuniu especialistas e atletas na Casa de Artes e Cultura do Tejo, em Vila Velha de Ródão, e teve como destinatários as equipas educativas que trabalham junto destas faixas etárias, assim como as próprias crianças e jovens.

A iniciativa foi organizada pela Câmara Municipal Vila Velha de Ródão e pelo CLDS 4G local, o Núcleo Distrital de Castelo Branco da EAPN - Rede Europeia Anti Pobreza, o Agrupamento de Escolas Nuno Álvares de Castelo Branco, a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol de Castelo Branco e o Jornal Reconquista,  e contou, durante a manhã, com três palestras sobre a saúde mental em contexto escolar, enquanto a tarde foi dedicada à conversa, moderada pelo jornalista do Reconquista Artur Jorge, com o atleta olímpico Emanuel Silva, o ex-árbitro de elite da UEFA e FIFA Olegário Benquerença, a treinadora de futsal feminino e selecionadora distrital de sub-17 Catarina Rondão e Bruno Trindade, quadro superior área da animação sociocultural.

A importância da família enquanto “pilar fundamental do sucesso” e garante da “estabilidade emocional de um atleta olímpico” foi um dos aspetos destacados pelo vencedor da medalha de prata na canoagem nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, que explicou aos muitos jovens sentados na plateia que para “ultrapassar a ansiedade e a frustração quando as coisas não correm bem e encontrar motivação para treinar todos os dias é essencial descobrir o desporto correto e gostar do que se faz”, sendo igualmente relevante “estarmos sempre prontos a abraçar novos desafio e novas conquistas, pois é isso que nos faz crescer e acordar motivados”.

Enquanto ex-árbitro habituado à exposição mediática inerente aos grandes jogos de futebol, Olegário Benquerença refletiu também sobre a saúde mental e a necessidade de os árbitros saberem gerir as suas emoções e as dos jogadores e exemplificou com alguns momentos difíceis da sua carreira, como o caso da morte em campo do jogador do Benfica Fehér ou de algumas decisões que foram alvo de grande contestação pública.

No mesmo sentido, Catarina Rondão esclareceu que “os atletas são o espelho daquilo que são os treinadores e, por isso, a liderança da equipa é essencial na gestão dos objetivos coletivos”. Lamentando os efeitos da pandemia, que levou a que muitos jovens abandonassem os desportos coletivos, a treinadora de futsal apelou aos jovens para que continuem a praticar desporto, já que este é “um medicamento gratuito para a parte emocional e física, que nos ensina grandes lições, nos faz crescer e ser melhores pessoas”.

Participante nos painéis da manhã e de tarde, coube ao técnico superior de mediação e animação sociocultural Bruno Trindade falar sobre os projetos implementados ao nível do Agrupamento de Escolas Nuno Álvares e da Associação de Futebol de Castelo Branco, que incidem sobre “A importância de brincar no contexto escolar” e cujo desafio é promover, junto dos mais novos, o desporto e a formação humana e desenvolver aspetos como a resiliência, a superação, a concentração ou o trabalho de equipa.

Durante a manhã, a palestra moderada por Paula Montez, da EAPN - Rede Europeia Anti Pobreza de Castelo Branco, contou ainda com a participação de Carla Dias da Costa, psicóloga especialista em Clínica da Saúde e Educação, que falou sobre a importância de “valorizarmos a nossa saúde mental, já que a nossa cabeça trabalha tanto ou mais que o nosso corpo”. Para tal, defendeu a psicóloga, é necessário que a escola “seja um promotor de saúde mental” e que os modelos educativos promovam a gestão e regulação das emoções nestes espaços.

Seguiu-se a intervenção da pedagoga Patrícia Figueiredo, responsável pela implementação de projetos educativos em municípios do interior do país, que defendeu que estes devem ser “promotores da autonomia e da transformação nas escolas” e assegurar um planeamento e articulação que tenha em conta o coletivo, de forma a “garantir que as escolas são um coletivo transformador” e não meras reprodutoras dos modelos e preconceitos que limitam o desenvolvimento dos alunos.

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